parindo os negros e os índios
parindo também todos os excluídos
e parto do principio que dor é dor
que não tem cor
apenas dor...
e vejo saindo das matas, senzalas e templos
tocando tambor e maracás
com canto sagrado
peles que brilham
gritando... gritando
sinto dor
Parindo de cara pintada
Vermelho sangue
Das bombas, das bocas
Estou parindo
Com guias nas mãos
No rezo calado
No canto abafado
Coberto com véus...
Sinto dor..
e nas fronteiras da vida
não tenho ajuda
apenas dedos apontados
tenho dor, apenas dor
e me deparo com
sombrias atitudes
e não sinto nada
apenas dor, sinto dor
e sem anestesia
tenho de engolir o preconceito
enquanto vou parir à luz
o rebento nascido excluído
apenas dor
Sai capitão do mato
Entra capitão fardado
que bate
que mata
sendo tão escravo
quanto os negros e índios
Sinto dor
de um dia a temperança
vir cobrir os corações
das sinhás e sinhôs
que ressurgem das lamas
dos Vales, das Torres
dos livros dito sagrados
e parto para a liberdade do mundo
___Rose Kareemi Ponce
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