"...a POESIA é para comer, senhores..."O que muito hoje a humanidade necessita? Refletir...Precisa buscar ajuda... Permitir-se intuir...Encontrar caminhos para si e fazer-se companhiaApoiar-se em Deus, dar créditos aos seusReencontrar-se com a VIDA e a POESIA.É um convite a pensar, conversarMeditar com palavras explícitasImplícitas experiências do CoraçãoDar mais um espaço à EMOÇÃO!
sexta-feira, setembro 15, 2017
Ode à censura!
"Censuremos a pornografia da fome,
do desemprego,
da indústria da educação,
da propaganda mentirosa.
A pornografia da violência policial,
da tortura,
das máscaras pré-eleitorais,
dos aumentos do leite e do pão.
A pornografia da irrealidade dos salários do Povo
e da irrealidade dos salários dos que decidem
o mesquinho salário do povo.
A pornografia da falta de solidariedade,
da demagogia com pés de lã,
da corrupção oficializada
do pseudomoralismo despistador.
A pornografia dos linchamentos,
da lentidão da justiça,
do olho vesgo da justiça,
do pedestal vazio da própria justiça.
A pornografia da justiça que se quer feita pelas próprias mãos.
A pornografia do medo, da insegurança,
das comissões que justificam o crime,
do variado preço da “cerveja”
com que se amansa o gato da fiscalização.
A pornografia do símbolo do leão
como carrasco dos que se equilibram perigosamente
na rede milionária dos impostos.
A pornografia da fábrica de mortos,
ou das mortes cinicamente adiadas
nos institutos da previdência social.
A pornografia das ricas reservas de ouro,
minério e petróleo,
caracterizando um país rico infestado de miséria.
Censuremos todas estas pornografias que nos aviltam
não a ingênua pornografia que pelos olhos ou pela imaginação
monta sua máquina monótona
no espaço supérfluo do nosso sonho."
__Walmir Ayala*
"Obscena...
é a fome!"
Imagens: Google imagens
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(*) Porto Alegre, Correio do Povo - Letras & Livros, 22 de maio de 1982- Walmir Ayala
___Walmir Ayala nasceu em Porto Alegre no dia quatro de janeiro de 1933. Faleceu no Rio de Janeiro, onde passou a maior parte de sua vida, em 28 de agosto de 1991. Foi poeta, romancista, memorialista, teatrólogo, crítico de arte.
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