"Nada a dizer...
Todos os ecos de gemidos, cuidados e anseios
bateram no muro da descrença, dos receios
Cada luz de alegria na reprodução de escuridão
Toda a beleza e riqueza do fluir, do sentir
de cada palavra amada foi enfeada
com desdém, confusão de identidades, o que convém...
Ego, formação de holofote, enganos, ilusão...
Deixando triste dor no coração.
Nada a dizer...
Tudo o que foi vislumbrado
- ao longo de anos, tempos, busca de momentos -
foi sombreado com vultos do passado; foi cegado
Nada ganhou expressão tamanha
com tanta desconfiança tacanha
Cada sonho, energia ensolarada expressada,
foi subestimado, apagado... Ora na chuva,
no planejado desencontro ou na ausência festejada.
Nada a dizer...
Apenas vivenciar o que é plantar e colher.
Nada a dizer...
Se nunca houve espaço para diálogo real
Nem mãos dadas, só simbologias vazias
Repetidas fôrmas e supervalorização de quem erra
Nada a dizer...
Toda a semente jogada na terra
Chegou ao seu fruto afinal...
Nada a dizer...
É tempo de novo agir, novo refletir
Novo semear para novo florescer do querer
É tempo de ação... Genuína, grande ou miúda
Mão na massa a conquistar, encantar, refazer, parir
Inovação de viver, verdadeira expressão do ser
Pois o mundo à nossa volta reflete, repete
Não o início ou o fim, mas o meio
Do que estamos cheio, do que somos a muda..."
__Valéria Milanes Aluahy
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Imagem: Google imagens