domingo, maio 01, 2016

Comunicação de ontem, hoje e de sempre...


"Entre o que eu penso, o que quero dizer, o que digo, 
e o que você ouve, o que quer ouvir 
e o que você acha que entendeu,
há um abismo."
__Alejandro Jodorowsky


         Acerca de entendimento mútuo que englobava o ato ou a participação em uma comunicação, já dizia o grande mestre Milton Santos, podia ser assim colocado:  
"Comunicação é troca de emoção." 


                Entretanto, porém... O dito mais popular dos tempos atuais que parece refletir, com excelência, como temos nos comunicado, ou melhor, qual parte da 'comunicação' é a mais interessante de notarmos ou mais valorizada, seja este:  "Comunicação não é o que eu falo, mas o que você entende". Um 'bordão' muito difundido na área de propaganda e que a sociedade adotou para se definir ao se comunicar, mesmo sem saber a concreta consequência ou, até mesmo, o real significado deste contexto. Tornou-se também um grande paradoxo, na medida que esta definição busca salientar a importância de mais clareza nas mensagens trocadas, para que seja validada uma atitude e tenha efeito na assertividade (isso como definição teórica!), mas onde, na prática, resume o individualismo complexo (ou egocentrismo?) em que o mundo tem se enterrado.  
     
Dentro desta característica, ou do que aqui chamamos de individualismo complexo (e como tal, caminha no viés 'do excludente', onde, obviamente, o que só exclui não acrescenta nada), algumas marcas são cada vez mais reafirmadas, inclusive porque são alimentadas: 
__Claro (!), importante não é a discussão das ideias (até porque para isso é necessário presença, envolvimento), e sim que seja entendido um conceito, o da padronização, e não a consideração de tantas questões que não cabem em 'bytes', por exemplo; nem abriga, portanto, questão de direitos de ambas as partes e por aí vai... 
__ O conceito de direcionamento de informação (ao invés da generalização tão cultuada: uma mensagem deve servir para "N" propósitos, ou melhor, inclusive, para milhares de pessoas - 5.000, 20.000...talvez?!, como fossemos bois, formigas... Ou um convite vexatório à aceitação de perda de identidade constante), a questão da clareza mencionada no início desta publicação virou absurdo se for abordada. Isso, devido ao fato de que, para os apaixonados pela Era "todos são iguais, ou seja, números, vejam meu monólogo", o importante é o que está sendo absorvido por todos... Então, a defesa sobre uma comunicação onde cada um veja com quem se relaciona, não é obsoleta apenas, virou 'xingamento', afronta, complexa ideia... Resultando em quase abolição do diálogo (o quase aqui é apenas para não dar mais um voto para as generalizações...). E todos devem entender isso como legal!? Sem contar o resultado dessa total desclassificação acerca de importância de identificação: uma desqualificação de identidade,  do valor da empatia, de um rosto com responsabilidade, para o fato de que uma ação gera efeito na vida de outrem... Exemplo, vide o vídeo na postagem: "Sabemos a verdade que vivemos?"
               Por outro lado... Mesmo com tanta tecnologia (com mais acesso à informação; embora nem todos ainda), vivemos mais clareza nos tempos atuais para nos vangloriarmos sobre a eleição da comunicação vigente? 
             Nitidamente, mesmo com todos os avanços, os tempos da 'comunicação nossa de cada dia' -  que reverencia os símbolos mais do que palavras, que 'se ajoelha' sobre falácias quando precisa usar palavras - só podem refletir (ou tem refletido) 'o andar da carruagem', digo, o andar da humanidade e todas as suas "formas" (ou normas, ano após ano?) de comunicação eleitas. E se antes com as palavras, "o olho no olho", a conversa real etc. e tal, sempre existiram os mal-entendidos (vide novamente a citação acima de Jodorowsky), o que dizermos do hoje e do futuro do homem navegando em vaidades alheias e o fruto do rompimento com as íntimas emoções e suas verdades?
       Diante das opções eleitas, apresentadas e referendadas como primordiais formas de comunicação (que vão desde falar sozinho a ser espectador de nova 'safra de monólogo' repetitivo), não é de causar espanto percebermos mais e mais os adeptos do silêncio...


"Diante do caos fantasiado de florido 
Das falas eleitas, das frases feitas
Coroação dos modismos e pseudo-bem maior
Fator genuíno sempre há de ser incompreendido
Enquanto houver um mundo tão cheio de superficialismo
Inflado de achismos, vazio, perdido

Manchando verdades universais
Fomentado por bolas de gás sociais...
Diante do atropelo constante do pormenor
Retomar o silêncio, talvez em ato de sensatez, 
Seja a linguagem que vá nos refletir melhor..."
__Valéria Milanes Aluahy



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E, quem sabe, no futuro, com as pegadas da vida... 
Com os encontros que a vida ainda nos reserva... 
Voltemos a ser insignificantes... Pessoas!

Trecho filme "Waking Life", by Richard Linklater - Ano: 2001

"O amor, assim como a verdade, é inspiração
O silêncio, assim como a palavra, é iluminação...
Essências sobre o fluir da vida nem precisariam ser ditas, 
São benditas. Bastando o notar mais 
Com quem se relaciona, se comunica...  

São marcas indeléveis no jardim chamado coração 
Havendo sentir e emoções reais 
Um gesto espontâneo brota multicor 
Dando corpo à uma flor única: 
Amar sem pudor."  
_Valéria Milanes Aluahy

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