___Blog c/atualidades, arte, cultura, literatura, educação e reflexões, utilizando diversas linguagens, incluindo POESIA -- "Senhores, que a Poesia e o Entendimento gerados pela reflexão que provém destes alimentos, nos sejam saudáveis... Palpáveis... Livrem-nos das apatias, fome e tormentos..." (Valeria M'Alluahy)
--- "qual dos dois? Vocês não sabem. Ninguém sabe. E não é por essas provas, que afinal não existem, perdidas ou destruídas por um acidente qualquer, incêndio ou tremor de terra. Não! Porque tais provas foram destruídas por eles próprios, dentro de si, na própria alma, compreendem-me? Eles imaginaram ambos uma ficção que tem a consistência de realidade e vivem em perfeito acordo, reconciliados nesta idéia. Esta realidade, sim, nenhum documento irá destruir. Um documento poderia servir a vocês, para satisfazer uma curiosidade tola. Como não o conseguem, sentem-se condenados ao maravilhoso suplício de viver entre a ficção e a realidade, sem distinguirem uma da outra.”(PIRANDELLO, 1917/2009, p. 118)
com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: “vem por aqui!” Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus,
ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali...
A minha glória é esta: Criar desumanidades! Não acompanhar ninguém. — Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber
nenhum de vós responde Por que me repetis: “vem por aqui!”? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátria, tendes tetos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... Eu tenho a minha Loucura ! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém! Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções, Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: “vem por aqui”! A minha vida é um vendaval que se soltou, É uma onda que se alevantou, É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou Sei que não vou por aí!
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'Cântico Negro’ de José Régio.
Publicado em 1926 no seu primeiro livro ‘Poemas de Deus e do Diabo’
O caso é grave, o caso é urgente!!! Sim! E... Não, essa tragédia não está relacionada com 'a população que não limpa seus bueiros, calhas, suja a rua ou não trata seu lixo etc'. Nem com toda forma que buscam sempre criminalizar a população quando algo desastroso ocorre... E, não, essa tragédia também não é só "abalo incontrolável da natureza".
Essa tragédia é, além de recursos públicos não direcionados (ou irrisoriamente direcionados) para prevenção de enchentes / desastres naturais, um dos frutos de agronegócio (na modalidade monocultura - e seus impactos ambientais, seus agrotóxicos, com seus fertilizantes envenenantes...) - criminoso com nosso solo -, que está 'destruindo' os lençóis freáticos das regiões, está alterando o poder de sucção da terra (exaustão da terra), quando biomas nativos são destruídos (como no caso dos Pampas, principal Bioma do RS)... Não, não dá pra ficar colocando "a culpa" na população ou na natureza sempre, quando a responsabilidade de enormidades trágicas como essa tem origem em alterações ambientais combinadas com má administração distrital / governamental, abraçadas com um agro, que é só (irresponsável) negócio... - e nem alongamos aqui sobre crises climáticas... Precisamos pensar, falar e agir sobre AgroFlorestas, por exemplo. Pois, não, o agro não é pop! -Mais informações pesquisem declarações / preocupações (vide link abaixo), desde 2017, de Valerio Pillar - Prof do Departamento de Ecologia / Instituto de Biociências, da UFRGS - link: https://www.ufrgs.br/ciencia/professor-fala-da-biodiversidade-e-das-ameacas-ao-bioma-pampa/