"Ser você requer coragem.
Requer aceitar o árduo desafio de dizer sim à sua legitimidade.
E aquilo que é legítimo não irrompe sem dor, sem escolhas,
despedidas, desilusões. Sem fazer estrago e barulho.
Por dentro e inúmeras vezes por fora.
Todos desejam o silêncio, a beleza de ser sem muito alarde,
de volitar pela vida, sublime e pacífico.
Mas sinto que isto é conquista
que não chega sem antes permitir macular a imagem,
destroçar internamente núcleos
que nos mantinham aprisionadas,
com seus dogmas e meias verdades,
e figuras de autoridade sem fim.
Se permitir ver e fazer algo a respeito da hipocrisia
que se vive e tantas vezes se compactua
por ignorância ou covardia
- antes seja por ignorância!
Inúmeras vezes morrer e renascer
até compreender que viver
não se trata de volitar, mas se for o caso,
de rastejar na lama de si mesmo
e aos poucos se reerguer.
Resistir.
Mesmo quando o mundo convida a ser mais um
e se alinhar à insanidade do "todo mundo".
Resistir... Por lealdade ao que é legítimo em nós.
Portanto ser quem somos é um ato de coragem.
Um viver heróico que não sai em jornais,
nem nos concede a elegância necessária
para ser admirada a qualquer momento.
Porque muitas vezes nos encontramos destruídas.
Por dentro e por fora.
Coragem de nos sabermos distintas
- pra não dizer estranhas,
e conceder-nos a força que precisamos
para confrontar o que quer que seja.
Por dentro e por fora.
Ser o apoio que nos falta.
A mão que nos ergue.
A luz que nos guia.
O rugido que protege.
A mãe que acolhe.
A sabedoria que nos faz seguir em frente."
__Nina Zobarzo*
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*Texto do livro "O Caos e a Estrela", de Nina Zobarzo - Outubro de 2020
**Dia Internacional da Mulher Indígena
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