Série: #Reflexões : A Poesia e o Encantamento
"...que a importância de uma coisa
não se mede com fitas métricas
nem balanças nem barômetros etc.
Que a importância de uma coisa
há que ser medida pelo encantamento
que a coisa produza em nós."
_Manoel de Barros
nem balanças nem barômetros etc.
Que a importância de uma coisa
há que ser medida pelo encantamento
que a coisa produza em nós."
_Manoel de Barros
Tantas e tantas vezes notamos que os que buscam a Poesia, buscam o invisível... Sim! Algo que não se vê, mas que sabe que existe... Ou, ainda, inconscientemente, procuram por 'olhos interiores' para poderem enxergar a si mesmos e o que está em volta. E é, inclusive, sobre isso que o poeta Manoel de Barros expressa acima... A poesia da vida em nós!
Vivemos em uma sociedade que busca mecanizar tudo, seja em seus padrões, seja em definições absolutas, seja sob forma do que não é estimulado a conhecer, inclusive sobre nós mesmos, enfim, um jogo desleal que nos faz pequenos, previsíveis, como se a vida fosse algo que está sob o controle de uns e outros. O resultado disto é uma formatação acerca de valores e sentimentos generalizada.
Entretanto, em nosso dia a dia, em nossas relações, sejam em família, sejam amorosas etc., ao contato com as emoções, entre o pensar e o sentir, muito não 'se encaixa'. Isso porque no automático agimos ou reagimos, conforme 'máquinas' inventadas, ou por reproduzirmos valores, situações de outros que passaram por nós ao longo de nossa caminhada. Mas, a poesia busca justamente o contrário... Busca, entre outras coisas, provocar visões, ações, encontros com nossos sentimentos, sejam quais forem e, principalmente, nos fazer perceber o encantamento que nos desperta como de um 'sono profundo'! E nos unir ou nos reunir com o que há de mais sagrado em nosso ser: o encanto da vida em nós, que é divinal!
Esse encantamento, esse toque em nossa alma, é a luz de nossa natureza (seja despertada por contato com uma pessoa, animal, planta etc. - outro ser vivo e suas manifestações) a se comunicar conosco. Algo real e sobrenatural, ao mesmo tempo... Que nos acende, nos acorda, nos toca de forma invisível e docemente, alcançando o âmago de nosso ser, nosso EU. Toque leve e profundo, poderoso e suave, que não pode ser medido, convertido, pesado por convenção alguma. Mas, abre as portas para outros que não são desse mundo - e que os nomeamos, mesmo não abrigando a amplidão de cada um -, e que nos ajudam a florir: o amor, a paixão, o carinho... que nos afagam, a nos mostrar que não estamos sozinhos... Que há encanto, poesia em viver... Basta Ser!
Na poesia, embora alguns 'a rotulem' como algo estático, se notarmos bem, a poesia está muito relacionada com o homem e a vida no homem. Tanto sentir quanto notar, por exemplo, não estão relacionados com os verbos, mas com a ação de uma emoção, um querer. Com qual fato ou ato será ou desencadeará uma revelação e/ou uma verdade, inclusive sobre nós mesmos... Luiz Fernando Veríssimo já nos disse: "Uma poesia não é feita com palavras. A poesia já existe. A gente só põe as palavras em volta para ela aparecer - como as bandagens do homem invisível, lembra?" (in, Poesia numa hora dessas?!) Portanto, o procurar, escrito nos versos de Drummond, outro exemplo, não é algo que se encontra, mas que se busca (ação, ato de fazer, provocação: como "provocar uma ação"); algo que buscamos encontrar, e que a vida e sua poesia quer nos mostrar, seja o que for que procuramos, incluindo a poesia... da vida!
"Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida"
(Carlos Drummond de Andrade in "Lembrete")
Fonte imagem: http://500px.com by-bob-jensen
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