"Que o outro saiba...
quando estou com medo,
e me tome nos braços
sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio
e não vá embora batendo a porta,
mas entenda que não o amarei menos
porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele
e não se irrite com minha solicitude,
e se ela for excessiva saiba me dizer isso
com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade
e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim,
porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo
que estou nervosa
ou doente, ou agressiva,
nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dói a ideia da perda,
e ouse ficar comigo um pouco
- em lugar de voltar logo à sua vida.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice,
mas sem fazer alarde nem dizendo '
'Olha que estou tendo muita paciência com você!''
Que quando sem querer eu digo uma coisa
bem inadequada diante de mais pessoas,
o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que se eventualmente perco a paciência,
perco a graça e perco a compostura,
o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro não me considere sempre disponível,
sempre necessariamente compreensiva,
mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço,
não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha,
mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa
- uma mulher."
(Canção das Mulheres - Lya Luft)
Fonte imagem original: Google Imagens
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