O que muito hoje a humanidade necessita? Refletir...
Precisa buscar ajuda... Permitir-se intuir...
Encontrar caminhos para si e fazer-se companhia
Apoiar-se em Deus, dar créditos aos seus
Reencontrar-se com a VIDA e a POESIA.

É um convite a pensar, conversar
Meditar com palavras explícitas
Implícitas experiências do Coração
Dar mais um espaço à EMOÇÃO!
"...a POESIA é para comer, senhores..."


sábado, janeiro 31, 2015

O vasto reino infinito em nós...

"Há um vasto reino de inteligência além do pensamento..."
__Eckhart Tolle, in "O Poder do Agora"



" O Ser é a Vida Única, eterna e sempre presente para além da miríade de formas de vida sujeitas ao nascimento e à morte. No entanto, o Ser não está apenas para além de, está igualmente dentro de, cada forma como sua essência mais profunda, invisível e indestrutível. Significa isto que lhe tens acesso agora sob a forma do teu Eu mais profundo, da tua verdadeira natureza. Mas não procures agarrá-lo com a tua mente. Não tentes compreendê-lo. Só o poderás conhecer quando a tua mente estiver aquietada. Quando estiveres presente, quando a tua atenção estiver plena e intensamente no Agora, o Ser poderá ser sentido, mas nunca poderá ser compreendido mentalmente. A iluminação é recuperar o conhecimento do Ser e manter-se nesse estado de "sentir-percepção".



Quer dizer, parar de pensar totalmente? Não, não posso, salvo talvez por alguns breves instantes. Então a mente está a usar-te a ti. Inconscientemente identificado com ela, nem sequer sabes que és seu escravo. É quase como se estivesses possuído sem o saberes, e por isso julgas que a entidade possessora és tu próprio. O começo da libertação é a compreensão de que tu não és a entidade possessora - o pensador. Saberes isso permitir-te-á observares a entidade. No momento em que começares a observar o pensador, é activado um nível mais elevado de consciência. Depois começarás a compreender que existe um vasto reino de inteligência para além do pensamento, que o pensamento é meramente um pequenino aspecto dessa inteligência. Também compreenderás que todas as coisas que realmente contam - beleza, amor, criatividade, alegria, paz interior - têm origem para além da mente. Começarás a despertar.




Sê presente como observador da tua mente - dos teus pensamentos e das tuas emoções assim como das tuas reacções a várias circunstâncias. Mostra-te pelo menos tão interessado nas tuas reacções como nas circunstâncias ou nas pessoas que te levam a reagir. Não julgues nem analises o que observas. Vê o pensamento, sente a emoção, observa a reacção. Não faças deles um problema pessoal. Sentirás então algo de mais poderoso do que qualquer uma das coisas que observas: a presença quieta e observadora por detrás do conteúdo da tua mente, o observador silencioso."      (Eckhart Tolle, in "O Poder do Agora")

"Pensamentos...
Se não mudar o que faço hoje,
todos os meus amanhãs serão iguais a ontem..."
_D.A.

Fonte imagens: Google Imagens

Série: Nossos Poetas...- Carlos Drummond de Andrade



#Série: Nossos Poetas... Para Sempre



"Amor é o que se aprende no limite, 
depois de se arquivar toda a ciência 
herdada, ouvida..." 


"Amor é dado de graça, 
é semeado no vento, 
na cachoeira, no eclipse. 
Amor foge a dicionário  
e a regulamentos vários." 

"... O tempo é a minha matéria 
o tempo presente, 
os homens presentes, 
a vida presente..." 
__Carlos Drummond  de Andrade * 

 Nossos Poetas...Para Sempre, Carlos Drummond de Andrade, Homenagem aos Poetas, Poesia Brasileira, Poesia para Sempre, Poetas, Vida_e_Poesia
Fonte imagem: Google Imagens
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* Vida e Obra de Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, janeiro 29, 2015

O centro da atenção de um poeta...


"Poeta não gosta de ser o centro das atenções.
Poeta gosta de ter atenção nos centros,
Nos interiores das pessoas,
Lá de onde elas vieram e de lá se perderam
Carregadas pelas marés
E pelo "Amar é".
_Alexandre Reis

           A linguagem que fala ao coração de um poeta é o encanto... Onde não há 'só palavras', e sim a emoção;  atos, fatos, o mover que refletem o que flui de um acordado coração, e toda a sua magia, poesia...
             O que faz sorrir um poeta, além das belezas naturais da vida, são o sorrir e o agir de quem conhece o poder que está em suas mãos: o de caminhar percorrendo as vias de sua felicidade, buscando conhecer no viver a sua verdade... 
           Busca muito pouco no mundo um poeta: um coração que o perceba e não tenha medo de ser percebido... Onde o amor seja, esteja... a fluir no infinito que é, e nunca deixará de ser! Mesmo o mundo tentando dele outra coisa fazer...


"A linguagem mais bela 
é a do coração, e para o coração...  
A música mais linda de ser ouvida é a emoção.  
Escassos por tantos corações e emoções 
ainda adormecidos... 

O que encanta um poeta, não é ser ouvido, 
lido... mas, Ser sentido.  
Não é o que há, mas o que é... 
O que não se vê:  
Um coração fluindo, sorrindo.

Sendo o poeta aquele que ouve e
segue a voz do próprio coração,
a forma de encontrá-lo,
envolvê-lo, é o fluir
de Ser e sentir... Encantá-lo."
(Valéria Milanês)

A flor e a verdade...

"Planto flores no caminho 
para que não me faltem as borboletas... 
Foram elas que me ensinaram 
que o casulo não é o fim... é o começo!"
__D.A.

Fonte imagem:  Google Imagens


"Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

     Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.

         Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. 
O que elas amam são pássaros em voo. 
Existem para dar aos pássaros coragem para voar. 
Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, 
porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. 
O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado."
__Rubem Alves

Sonhamos...


"Sonhamos para não nos perdermos
Sonhamos porque somos antes de sermos
O que o mundo nos mostra da vida
Não é o mundo que a vida tem para nos mostrar."
__Valéria Milanês

Fonte imagem: Google Imagens

Voar, Voar...


"Se o destino é o infinito,
o caminho é nas alturas!"

"Superfície azul do céu,
asas em curva de dores,
Fernão Capelo levanta e voa, 
porque voar é importante, 
mais que comer e viver. 

Caro é pensar diferente, 
viver em infinitos, 
voar dias inteiros 
só aprendendo a voar. 

Gaivota que se preza 
tem de sentir as estrelas, 
analisar paraísos, 
conquistar múltiplos espaços. 

Gaivota que se preza 
precisa buscar perfeição. 
Importante é olhar de frente, 
em uma, em dez, cem mil vidas. 

Para Fernão nada é limite: 
voa, treina, aprende,  
paira sobre o comum do viver. 

Se o destino é o infinito, 
o caminho é nas alturas!"
__Richard Bach  in  "Fernão Capelo Gaivota"



Fonte imagem: Google imagens
 


domingo, janeiro 25, 2015

A semente...


"O Sonho é uma semente a espera da sua mão 
e da sua fé para florescer."
_Sirlei Passolongo

Muitos não conhecem realmente o que é sonho... 
Ou não percebem "o sonho" como um 'suspirar de nossa alma', de nosso íntimo... 
Co-relacionam com contos de fadas, com fantasias folclóricas, com utopias etc., menos com algo que está vinculado, atrelado às "nossas mãos", ou seja, com nosso querer e com o promover do que preciso for para alcançar... Seja o sonho que for: sonho de construir, sonho de transformar, sonho de amor... Pois, não está somente relacionado com o "aqui,o agora ou o ontem", mas com o infinito... De forma que, o que for nossa missão sonhar, é nossa missão buscar realizar...

* Veja também o post "O Sonho e Ilusão": 

Fonte imagem: Google Imagens

sábado, janeiro 24, 2015

O extraordinário não cabe no ordinário

“Trago no olhar visões extraordinárias, 
De coisas que abracei de olhos fechados...” 
_Florbela Espanca

        Parece lógico, claro... Mas, na prática, poucos percebem até a 'lógica da vida'... Muitos querem viver o extraordinário por através de delimitações, esquecendo que este é um dos resultados da libertação da alma, das emoções... Saindo do rabisco do giz, querendo simplesmente ser feliz...

           ...E alguém perguntará:  - Como viver o extraordinário? O que é o extraordinário? E a resposta dentre muitas possíveis poderá ser: O que nos mostra ou nos leva a viver mais além... O que descobrimos não a partir de 'verdades formuladas, inventadas', as ditas como convenientes, mas a partir de nós mesmos... A partir do nosso poder de querer, do nosso poder de vencer... Do nosso poder de voar!
          Muitos quererão, claro, converter esta resposta em cifrões, outros tentarão entendê-la jogando-a diretamente à mente, e por aí vai.   Porém, o extraordinário não é enxergado por teorias de prosperidade (como o tal: o ser é ter!), ou por visões moldadas pela mente (onde já decretamos como tudo tem de ser ou alguém definiu que será), e sim com os olhos fechados e com as portas abertas do coração... E o caminho que ele, o extraordinário, tende a percorrer está relacionado com o infinito, com o indomável, com beleza intrínseca da vida e em nossas vidas...
               É... Muitos 'olhos abertos' já não conseguem ver o quão extraordinário existe em uma flor (não em uma imagem, mas na própria flor!)... E o quanto nos parecemos com flores! Muitos já não podem ver a grandeza da vida por acreditar piamente, tanto com a mente, quanto em cifrões, que o ordinário é tudo quanto precisamos... Ou que o extraordinário tem preço, ou seja, só alguns o podem comprar.... Ilusão sendo multiplicada e multifacetada em milhões... Ainda assim, o  extraordinário, tal como é, não como querem que seja, será, existirá... E morada fará, não só nas visões como nos corações, naqueles que quiserem andar de mãos dadas com a vida, a poesia e a imaginação...
           Há quem diga que são só poéticas teorias (ou blá, blá, blá... Embora o que seja blá, blá, blá para uns é essência de ser de outros... -  'Minha poesia', por exemplo é o fluir de minha essência, quem não a pode perceber, se 'não toca' por afinidade, não tem motivo de comigo conviver, pois, essencialmente, 'minha poesia sou eus'...), e que nem andam com a poesia e vivem o extraordinário no dia a dia... Acredito, pois o poder do extraordinário começa a partir de estarmos vivos, e do quanto nos desnudamos de valores decretados, para viver o que para nós e em nós tem real valor... E muitos o fazem. Pois, o extraordinário não é o que outros elegeram, definiram como isso ou aquilo, mas o quanto nos dispomos para sermos felizes... O quanto nos doamos, partilhamos, e o quanto alcançamos, de forma íntima e consciente, quando desejamos e decidimos por sermos mais (não procurando erros, mas buscando o acertar; não com crítica infrutífera de si mesmo, mas onde quer e pode semear mais): mais do que fomos, mais do que fizemos; diferentes do que um dia já agimos ou reagimos, diferentes até do que um tempo já pensamos... Diferentes de todo o agir ordinário que só fez mal, tanto a nós e a outros... E captamos que o extraordinário não cabe no ordinário (o contrário, pode acontecer...). Quando, tal qual a natureza... Evoluímos! Quando percebemos na vida, propriamente dita, o quanto de extraordinário habita em nós e influencia à nossa volta... 
      ...E a Poesia (o fluir do ser íntimo do homem) está presente sim, seja na fantasia, na intuição mais atuante, na percepção mais 'falante'; seja na forma de driblar a carruagem propagada do medo. A poesia, a fantasia, a imaginação estão presentes, fluindo e à disposição de quem se permite sonhar, viver, amar e ser... Extraordinariamente! 
 "Fé na sabedoria do Cosmos, 
que nos trouxe até aqui...
Fé na grandeza da vida,
todos os seus desdobramentos;
Fé na maravilha divina,
e suprema vontade; 
Fé no desconhecido,
sua sutileza, mesmo incompreendido... 
Não permitindo dores a mais predominarem.
Fé para alcançar o extraordinário,
permitindo o mais  e a intuição nos alcançarem.
Fé para prosseguir, não desistir. 
Sermos tudo quanto fomos criados,
Vivendo pelo coração e nosso imaginário.
Fé... Na vida!
Pois, sem vontade, fé... 
Não chegamos a lugar algum, 
Andando na contramão de quem somos..."
(Valéria Milanês Aluah'y)
Fonte da imagem: Google Imagens


"Ser ou não ser...
Muitas coisas jamais hão de ser...
Não porque não possam ser,
Por não haver espaço para que sejam...
O que vem a ser,
Renova o antigo ser,
Motivo de  medos 
Para quem acostuma a não ser...
Outras, querendo ou não, serão!
Sendo resultado de tudo
O que já está sendo...
Com boas sementes ou não.
Então, até mesmo para ser
É preciso plantar e colher
Ou render-se às que já são...

(Valéria Milanês Aluah'y)

"Você é um filho do amor, e não um filho do medo. 
O trabalho é despertar, abandonar o medo 
e despertar para o amor. 
O amor é a divindade em você, a criatividade, 
a plena capacidade de realizar muitas coisas, 
ainda que sutis, como sorrir e só por isso 
fazer alguém feliz. 
Não é preciso ser um gênio, 
basta desejar. 
É preciso criar espaço em você mesmo
para ter acesso ao desejo. 
Respire profundamente. 
Crie espaço onde guerreiam os pensamentos 
e as dúvidas e encontre um propósito superior 
para sua vida. 
Seja o amor que está em você. 
Todos os dias as situações te chamam para acordar 
e se comprometer com o desafio de ser você mesmo,
para confiar em você mesmo e agir para melhorar 
o que se apresenta. É preciso ter coragem de amar 
o que é difícil e transformar todos os dias a sua vida 
em algo que ela nunca foi antes."
__Robert Happé

"O que quer que queiras fazer, ou sonho que tiveres, começa! 
A audácia carrega em si a genialidade, o poder e a magia."
__Goethe      

Vida, Poesia e o Homem em construção



O Operário em Construção
(Vinicius de Moraes)


E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo: - Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E Jesus, respondendo, disse-lhe: - Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.


Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão. 
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão: Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade 
Era a sua escravidão.

De fato, como podia 
Um operário em construção 
Compreender por que um tijolo 
Valia mais do que um pão? 
Tijolos ele empilhava 
Com pá, cimento e esquadria 
Quanto ao pão, ele o comia... 
Mas fosse comer tijolo! 
E assim o operário ia 
Com suor e com cimento 
Erguendo uma casa aqui 
Adiante um apartamento 
Além uma igreja, à frente 
Um quartel e uma prisão: 
Prisão de que sofreria 
Não fosse, eventualmente 
Um operário em construção.


Mas ele desconhecia 
Esse fato extraordinário: 
Que o operário faz a coisa 
E a coisa faz o operário. 
De forma que, certo dia 
À mesa, ao cortar o pão 
O operário foi tomado 
De uma súbita emoção 
Ao constatar assombrado 
Que tudo naquela mesa 
- Garrafa, prato, facão 
-Era ele quem os fazia 
Ele, um humilde operário, 
Um operário em construção. 
Olhou em torno: gamela 
Banco, enxerga, caldeirão 
Vidro, parede, janela 
Casa, cidade, nação! 
Tudo, tudo o que existia 
Era ele quem o fazia 
Ele, um humilde operário 
Um operário que sabia 
Exercer a profissão.


Ah, homens de pensamento 
Não sabereis nunca o quanto 
Aquele humilde operário 
Soube naquele momento! 
Naquela casa vazia 
Que ele mesmo levantara 
Um mundo novo nascia 
De que sequer suspeitava. 
O operário emocionado 
Olhou sua própria mão 
Sua rude mão de operário 
De operário em construção 
E olhando bem para ela 
Teve um segundo a impressão 
De que não havia no mundo 
Coisa que fosse mais bela.


Foi dentro da compreensão 
Desse instante solitário 
Que, tal sua construção 
Cresceu também o operário. 
Cresceu em alto e profundo 
Em largo e no coração 
E como tudo que cresce 
Ele não cresceu em vão 
Pois além do que sabia 
- Exercer a profissão 
-O operário adquiriu 
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.


E um fato novo se viu 
Que a todos admirava: 
O que o operário dizia 
Outro operário escutava.


E foi assim que o operário 
Do edifício em construção 
Que sempre dizia sim 
Começou a dizer não. 
E aprendeu a notar coisas 
A que não dava atenção:


Notou que sua marmita 
Era o prato do patrão 
Que sua cerveja preta 
Era o uísque do patrão 
Que seu macacão de zuarte 
Era o terno do patrão 
Que o casebre onde morava 
Era a mansão do patrão 
Que seus dois pés andarilhos 
Eram as rodas do patrão 
Que a dureza do seu dia 
Era a noite do patrão 
Que sua imensa fadiga 
Era amiga do patrão.


E o operário disse: Não! 
E o operário fez-se forte 
Na sua resolução.


Como era de se esperar 
As bocas da delação 
Começaram a dizer coisas 
Aos ouvidos do patrão. 
Mas o patrão não queria 
Nenhuma preocupação 
- "Convençam-no" do contrário 
-Disse ele sobre o operário 
E ao dizer isso sorria.


Dia seguinte, o operário 
Ao sair da construção 
Viu-se súbito cercado 
Dos homens da delação 
E sofreu, por destinado 
Sua primeira agressão. 
Teve seu rosto cuspido 
Teve seu braço quebrado 
Mas quando foi perguntado 
O operário disse: Não!


Em vão sofrera o operário 
Sua primeira agressão 
Muitas outras se seguiram 
Muitas outras seguirão. 
Porém, por imprescindível 
Ao edifício em construção 
Seu trabalho prosseguia 
E todo o seu sofrimento 
Misturava-se ao cimento 
Da construção que crescia.


Sentindo que a violência 
Não dobraria o operário 
Um dia tentou o patrão 
Dobrá-lo de modo vário. 
De sorte que o foi levando 
Ao alto da construção 
E num momento de tempo 
Mostrou-lhe toda a região 
E apontando-a ao operário 
Fez-lhe esta declaração: 
- Dar-te-ei todo esse poder 
E a sua satisfação 
Porque a mim me foi entregue 
E dou-o a quem bem quiser. 
Dou-te tempo de lazer 
Dou-te tempo de mulher. 
Portanto, tudo o que vês 
Será teu se me adorares 
E, ainda mais, se abandonares 
O que te faz dizer não.


Disse, e fitou o operário 
Que olhava e que refletia 
Mas o que via o operário 
O patrão nunca veria. 
O operário via as casas 
E dentro das estruturas 
Via coisas, objetos 
Produtos, manufaturas. 
Via tudo o que fazia 
O lucro do seu patrão 
E em cada coisa que via 
Misteriosamente havia 
A marca de sua mão. 
E o operário disse: Não!


- Loucura! - gritou o patrão 
Não vês o que te dou eu? 
- Mentira! - disse o operário 
Não podes dar-me o que é meu.


E um grande silêncio fez-se 
Dentro do seu coração 
Um silêncio de martírios 
Um silêncio de prisão. 
Um silêncio povoado 
De pedidos de perdão 
Um silêncio apavorado 
Com o medo em solidão.


Um silêncio de torturas 
E gritos de maldição 
Um silêncio de fraturas 
A se arrastarem no chão. 
E o operário ouviu a voz 
De todos os seus irmãos 
Os seus irmãos que morreram 
Por outros que viverão. 
Uma esperança sincera 
Cresceu no seu coração 
E dentro da tarde mansa 
Agigantou-se a razão 
De um homem pobre e esquecido 
Razão porém que fizera 
Em operário construído 
O operário em construção.

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*Parte em destaque: grifo nosso
Fonte imagens: Google imagens

O Tempo e a Flor da Vida...


"Foi o tempo que dedicastes à tua rosa 
que fez tua rosa tão importante."
_Antoine de Saint-Exupéry in O Pequeno Príncipe


Uma flor.... 
Para irradiar o 'perfume da vida'... 
Que esse perfume se expanda, e se expanda
 a iluminar, inspirar os corações... 
Libertando a luz interior, e possam ser... 
O Fluir de Viver e Ser!


"... E se o único tempo que dominamos é aquele 
que nos foi dado em forma de vida em nós 
(nosso tempo de vida), 
muitas rosas não foram cuidadas por falta de tempo... 
Por falta de querer usar a fé: na vida, em si mesmo; 
por  falta de dedicação, e julgarmos mais importantes 
aquilo que não pode dar os frutos da felicidade... 
Por julgarmos já aprendermos toda a verdade... 
Quem pode iluminar seu interior 
com luz exterior e artificial? 
Quem pode ser feliz estando a viver o tempo, 
o momento, a caminhada e a colheita das ilusões? 
Quem pode florir o seu íntimo, ouvir seu coração, 
sem olhar, sem cuidar do próprio jardim? 
Quem pode essencialmente 
(sem máscaras, sem fugas) colher, sem plantar?  
Até quem colhe os frutos que outros plantaram, 
não colhe os frutos do seu Eu... 
Buscando sem encontrar, em território alheio, 
o perdido, o abandonado, o que sempre foi seu..."
(Valéria Milanês)
Fonte imagem: Pinterest.com

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